Siga-me

SLIDES

sexta-feira, 18 de março de 2011

O DEUS DAS CALAMIDADES

Sempre quando ocorre alguma catástrofe, seja ela natural ou provocada pelas mãos do homem, surgem reflexões sobre a ação ou omissão de Deus em tais eventos. Causou frenesi na Net um texto escrito pelo Pastor Evangélico Ricardo Gondim, Presidente da Assembléia de Deus Betesda, onde questiona a soberania de Deus frente ao tsunami ocorrido no Japão.
Para o teólogo, Deus não está em controle de tudo e acredita em “um Deus de amor,” sem permitir ou interferir em uma tragédia.
O modelo teológico que coloca Deus no controle de um tsunami também o responsabiliza por Asuschiwits(sic), Ruanda, e pelo estupro da esquina”, afirmou ele em seu microblog.
Eu entendi muito bem a postura do Pr. Ricardo, contudo, faltou para ele um pouco de reflexão filosófica, aliás, como falta para a maioria dos Cristãos Evangélicos usar um pouco da razão que Deus lhe deu.
Ora, esta reflexão vem um pouco atrasada. No século dezoito, filósofos agnósticos como Voltaire, questionavam o seguinte diante das tragédias: ou Deus quer evitá-las mas não pode ou pode evitá-las mas não quer. Se quer e não pode, não precisamos de um Deus impotente desses; se pode mas não quer, estamos sim diante de um diabo cruel. Acontece que na época os Cristãos não souberem  refutar com maestria estes argumentos dos pensadores do Iluminismo. O que, ao contrário, temos condições de fazer hoje.
Nosso Deus é um Deus de Amor e Misericórdia? Sim, é. Mas também é um Deus que respeita o livre-arbítrio que deu ao homem. Se você quer experimentar pular de seu prédio de 10 andares, com penas de pássaro coladas em seu corpo, Deus pode de alguma forma lhe dar o devido conselho para não fazê-lo, pela intuição espiritual ou através de algum amigo. Porém, ele não pode impedir sua ação sem infringir seu livre-arbítrio. Como Ícaro, você cairá e fatalmente morrerá por meio de sua façanha. O mesmo ocorre com as ações coletivas, em grupos, cidades ou nações.
Os homens se esquecem facilmente de suas ações. Eles explodem e fazem experiências com bombas nucleares no fundo do mar. Não foi na Ásia que fizeram uma experiência no ano passado? Não querem explodir na superfície para não causar estragos e mortes, mas explodem no mar, causando tudo isto. Acontece que estas explosões abalam a estrutura geológica dos mares e da superfície. O resultado destas ações não tardam a aparecer. É que estão colhendo o fruto de uma semente plantada há muito tempo atrás. Quanto a este assunto é bom sempre recordar que de Deus não se zomba: o que o homem semeia isto ele colherá (Gl 6, 7).
Não podemos esquecer aqueles que evocam a questão do castigo.
É certo não podermos negar que muitas vezes o homem, ao ser infiel aos desígnios divinos e em decadência moral, fica à mercê da fúria dos elementos da natureza, esta sim cumpridora destes desígnios. Ou seja, nada tem a ver com castigos de Deus, mas sim com a reação da Vida para com os desmandos do homem.
O Deus em quem acredito e sirvo não se presta a este papel. É que com algumas posturas e atitudes o homem se afasta de Deus e fica em desarmonia com todo o Cosmos, se colocando a mercê das leis naturais e subalterno aos seus elementos. Ferindo a Ordem Eterna o homem se coloca à mercê do julgamento natural, o que é muitas vezes referido nas Santas Escrituras como a “Ira” de Deus.
Contudo, vejo que a principal causa destas tragédias fica por conta de nossas ações irresponsáveis em relação ao nosso habitat natural. Existe um adágio popular que diz: “Deus perdoa sempre, o homem às vezes e a natureza, nunca”! Ou seja, a natureza reage às nossas ações. Nós invadimos a natureza sem planejamento e sem responsabilidade. Agora pagamos a conta por tudo isto.
No entanto, para aqueles que não seguem um caminho de verdadeira espiritualidade ou seguem apenas os sofismas da mente humana, as calamidades se tornam uma grande decepção para com Deus.
E o Senhor vai permitir isto tudo para que seus filhos tirem destes eventos calamitosos algumas lições básicas da vida. E a partir daí o “por que?” se transforma em “para que?”
Ou seja, não aconteceu esta calamidade porque fizemos ou deixamos de fazer isto ou aquilo, mas aconteceu para que refletíssemos em como está nossa relação para com o Senhor de toda a Vida.
Que a sociedade atingida se avalie como um todo sobre o que pode ser aprendido com todo o ocorrido e que cada um individualmente também faça o mesmo.
Que coisa maravilhosa foi ver a Solidariedade Cristã demonstrada pela população mundial para com o Japão. Chegando ao ponto dos EUA, país que enviou para aquele povo duas bombas de morte na Segunda Grande Guerra, enviar o maior contingente de ajuda. Só isto já vale a pena a superação de todo este sofrimento.
Quanto aos que partiram para o Além nesta tragédia, Deus saberá acolher os seus. Pois não fomos criados para este dimensão material, mas para o Reino que não é deste Mundo.
Meu Deus e vosso Deus não é o Deus das calamidades.

Tudo isto tenho dito diante de Deus, dos Homens e dos Anjos, para maior Glória de Deus. Amém, Amém e Amém!
Eugênio Christi

Palavas Chave: Tsunami, Japão, Castigo, Ação de Deus

0 comentários:

Postar um comentário

Seja um rolo compressor em cima da ignorância. Comente!

 
2009 Template Costumizavel Slide | Templates e Acessórios