Por muitos séculos, a atenção da humanidade foi focalizada em Jesus Cristo como sendo apenas o Salvador do homem. Adorado como Deus, buscado como nossa única Salvação e Esperança. Contudo, há muito mais nos Evangelhos do que aquilo que os teólogos de plantão descortinam em seus escritos.
Não podemos esquecer que Jesus é a Divindade encarnada com rosto humano. Questão resolvida depois de muitas querelas e heresias, no ano 431 no Concílio de Éfeso: Jesus é humano e divino ao mesmo tempo.
Mas esta grande verdade muitas vezes é esquecida por alguns, visto que nos concentramos mais na divindade de Jesus, em deprimento de sua humanidade. O resultado desta separação nós podemos ver ao longo da história de forma não muito honrosa: é que em muitos momentos o Cristianismo se mostrou desumano em suas atitudes.
Mesmo que as Escrituras não nos revelassem Jesus como a encarnação do Verbo de Deus, analisando-as com muito cuidado íamos descobrir em suas páginas um Jesus Humano, demasiado Humano. E a partir desta Humanidade perfeita de Jesus chegaríamos a descortinar Sua Divindade.
Pois, para conseguir ser tão Humano assim, somente sendo Divino.
Vamos ver, por exemplo, a questão da autoridade de Jesus.
Ele falava como quem tinha autoridade. Muitas vezes Ele também apelava para a autoridade divina presente nos corações de seus ouvintes. É algo novo que acontece com Jesus. Todo o seu ensinamento está baseado no fato de que o próprio Espírito Divino está presente em cada um de seus ouvintes – meretrizes, proscritos da sociedade, homens simples, doutores – desde que sejam Homens de Boa Vontade, poderão ser regenerados pela ação do Espírito Santo.
Ele lança mão de parábolas para ensinar a Dimensão do Espírito às pessoas de sua época e das épocas vindouras.
As parábolas de Jesus dependem do senso comum, desse espírito que recebemos do Criador de modo que podemos conhecer Deus também a partir de nossas humanas experiências.
Mas, enfim, por que alguém não vive de acordo com esse senso comum que compartilhamos com todos os seres humanos e pode nos auxiliar no relacionamento com Deus e os homens?
É porque somos intimidados pela pressão pública, pela opinião pública. Jesus como que insere uma cunha entre o senso comum e a opinião pública. É verdadeiramente uma saída da hipnose coletiva. As pessoas então foram tomadas pelo entusiasmo, que literalmente significa força divina; podiam levantar e caminhar malgrado as dificuldades que apareciam. Era o que ele chamava de o poder da fé.
Outra coisa estupenda e que se esquece frequentemente: Jesus concedia poder aos outros e isto é tido como muito perigoso numa sociedade controlada. Por causa disso se viu em apuros com o poder estabelecido da época, tanto político como religioso.
Nada é mais opressor do que as ficções criadas pelas autoridades de uma sociedade. Porém, nada é mais libertador das opressões do que o senso comum usado e aproveitado de forma correta. É o que Jesus sabia fazer muito bem: usava o senso comum de forma ordenada. O problema é que a maioria das pessoas tem preguiça de pensar de forma lógica e ordenada, tem fobia de usar a reflexão diante de qualquer realidade. Mas nada que um bom estudo e um pouco de força de vontade não resolva.
O Mestre sempre diz: “você pode fazer o mesmo que eu fiz”. "Fareis as mesmas obras que Eu fiz e as fareis maiores ainda".
Mas o poder autoritário sempre procura afastar as pessoas do que o Mestre falou; coloca-o num pedestal distante das pessoas e o contato delas com ele acaba se dando somente via intermediários, via sacerdotes. Isto somente acontece devido à falta de coragem e de ousadia que os homens têm de assumirem sua responsabilidade perante o processo de sua própria caminhada espiritual.
Enfim, Humano desta maneira, só mesmo um ente Divino como Jesus podia ser.
Nele, que foi verdadeiramente Humano, para maior Glória de Deus. Amém, Amém e Amém!
Eugênio Christi
Palavras Chave: Jesus Cristo, Divino e Humano, Demasiado Humano
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